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                 Abrolhos esconde um dos cenários mais bonitos do mundo                                                                                                                                                                   Mesmo que as águas do Atlântico estejam calmas, a ida até o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos é custosa. São de quatro a cinco horas de navegação para percorrer os 70 quilômetros que separam a cidade de Caravelas, no Sul da Bahia, do arquipélago. O local tem cinco ilhas, mas somente uma, a Siriba, pode ser visitada por turistas, mesmo assim por pouco tempo e acompanhado de monitores ambientais do Ibama. As ilhas, habitadas principalmente por aves, são bem áridas, sem árvores, sombra e nenhuma fonte de água doce. Não valeria nem meia hora de navegação. No entanto, é no fundo do mar, com águas claras e uma profundidade máxima de 30 metros, que o turista vai encontrar um autêntico tesouro marinho, uma fauna de deslumbrar. A dica é contratar excursões nas quais os barcos pernoitam no arquipélago, com toda estrutura de alimentação e beliches, para poder curtir bem mais. E quem vai a Abrolhos de julho a novembro tem, de quebra, o espetáculo das baleias jubartes, que buscam as águas da região para acasalar e alimentar os filhotes, numa prova de grandioso amor. Com uma visibilidade impecável, Abrolhos reserva espetáculo das Jubartes. Imagem: Joa Souza / Divulgação No fundo, no fundo… Na chegada, não espere grandes coisas, pelo menos até onde a vista alcança. Depois de quatro horas e meia de navegação no mar, o resultado é decepcionante. Quase desolador para quem enfrentou 70 quilômetros mar adentro (ou 38 milhas náuticas), desde a cidade litorânea de Caravelas, no Sul da Bahia. O barco, um catamarã da empresa Horizonte Aberto, leva mais um grupo de turistas para conhecer aquele que é um dos grandes santuários ecológicos do Brasil, o arquipélago de Abrolhos, sonho de consumo de todo ecoturista de carteirinha. No campo das ambições, algo comparável ao Pantanal mato-grossense, Amazônia, Foz do Iguaçu, Delta do Parnaíba, Chapada Diamantina e, para ficar no terreno das ilhas, Fernando de Noronha. Isso entre muitos outros paraísos deste país tão cheio de lugares, com o perdão da palavra surrada de uso, paradisíacos. Nessa manhã de setembro, com o mar bem calmo – um espelho –, a navegação foi tranquila e quando, na linha do horizonte, surgiram as ilhas de Abrolhos uma corrente de ansiedade entrou a bordo. Cabeças levantadas procuram enxergar melhor. Com o avanço do catamarã, pilotado pelo marinheiro Dito, o contorno das ilhas se torna mais claro e… “Pô, isso parece um deserto!” E é: a vegetação bem rala é rasteira, umas poucas dezenas de coqueiros esparsos, nada de sombra à vista, nenhuma árvore frondosa e, para completar, as ilhas não têm uma fonte de água doce sequer. O que se vê são imensas rochas de basalto, surgidas de erupções vulcânicas há milhões de anos. Se, hipoteticamente, um náufrago chegar a lugar semelhante vai preferir construir uma jangada e se mandar. No caso de Abrolhos, nem isso, porque não há madeira para construir nem uma canoa. O que mais se vê, além das rochas, são imensos ninhais de aves marinhas, notadamente atobás e fragatas. Nesse ponto da narrativa, vale a pergunta: por que, então, o arquipélago é tão cobiçado? São duas respostas básicas, que se resumem a duas palavras: peixes e baleias. Com sua superfície submersa quase toda tomada por corais, portanto um grande celeiro de alimentos para peixes e outros seres, Abrolhos é um dos maiores santuários de vida marinha do mundo. Some-se a isso uma profundidade de no máximo 30 metros, água com excelente visibilidade e temperatura agradável. Pronto! Está formado o cenário perfeito para mergulhadores, seja aqueles que usam cilindros para ir fundo ou mesmo quem prefere um snorkel (aquela máscara com tubo) para poder apreciar a vista marinha confortavelmente (e mais seguro) boiando com um colete salva-vidas. A imensa quantidade de peixes de múltiplas cores, tartarugas marinhas e corais são o supra-sumo da visão de um paraíso. A melhor época para mergulhos vai de dezembro a fevereiro, quando o mar está mais transparente, com boa visibilidade. Residência está reformada à espera do ex-presidente. Imagem: Alfredo Durães / EM / D. A Press